Histórico
Formação das coleções
O Museu Universitário foi fundado oficialmente em 2008, por meio da resolução nº 26, de 30 de outubro de 2008. Seu acervo está estimado em cerca de 400 mil itens, um considerável patrimônio que contempla três distintos campos do conhecimento: História, Artes Visuais e História Natural, os quais se desdobram por suas em doze coleções e uma biblioteca especializada. Nesse universo há fontes documentais, exemplares da fauna e flora, obras de arte e afins, resultado de mais de 40 anos de trabalho contínuo que antecede a criação do Museu, desenvolvido por inúmeros profissionais, a exemplo de professores, técnico-administrativos e estudantes.
A ideia de criação do Museu foi concebida em primeiro momento tendo como principal preocupação o acervo do antigo CDIH (Centro de Documentação e Informação Histórica da UFAC), então composto por aproximadamente 350 mil documentos e centenas de artefatos da memória histórica e da cultura material das gentes da Amazônia Sul-Ocidental, dispostos por temas/áreas/linhas e distribuídos em diferentes suportes, formatos e linhas de ação. Dentre esse acervo é possível destacar: cartas, relatórios, atas, testamentos, tratados, certidões, manuscritos, croquis, bilhetes, panfletos, notas, recortes, anais, anuários, dossiês, diários, anotações e relatos de viagens de campo, tabelas, quadros estatísticos, levantamentos sócio-econômicos, etnográficos e antropológicos, relatórios de estudos sobre impactos sócio-ambientais na Amazônia acreana, mapas e outros estudos cartográficos, relatos de estudos urbanos e populacionais, estudos de ambientes fluviais, florestais, fragmentos de imagens de estudos acerca da produção musical, teatro e literatura amazônica, relatórios e dados acerca da educação formal e dos projetos de educação popular (Projeto Seringueiro, educação indígena), transcrição de documentação oral de populações amazônicas, relatos e imagens de processos de lutas pela terra e formação dos sindicatos de trabalhadores rurais e urbanos no Acre, documentação sobre fronteiras e limites territoriais no Acre, imagens e publicações sobre a questão indígena no Acre/Purus/Juruá, banco de dados de imagens fotográficas (desde o final do século XIX) da história política, das populações, cidades e modos de vida da Amazônia acreana, livros raros e relatórios de governadores da Província do Amazonas e das prefeituras departamentais do Acre, banco de dados dos jornais e outras fontes hemerográficas produzidas ou em circulação no Acre e Sul do Amazonas desde o início do século XX.
Pensava-se inicialmente num Museu com condições de abrigar o acervo documental do CDIH, as obras de artes (Pinacoteca) e as peças e maquinários da história da instituição que ficaram “obsoletos” e foram armazenados em um galpão do Setor de Patrimônio da universidade. Posteriormente, no momento da tramitação e discussões do projeto de criação do Museu no interior do Conselho Universitário, também foram integradas ao Museu Universitário a Coleção Paleontológica e as coleções biológicas dos grupos e laboratórios de pesquisa que atuam na Área das Ciências da Natureza na UFAC.
A Coleção Paleontológica, hoje integrante do Museu Universitário, foi formada pelas pesquisas desenvolvidas pelo Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal do Acre (LPP/UFAC). O laboratório obteve a sua institucionalização através da Resolução nº 19, de 13 de maio de 1983. Desde então, realiza pesquisas geológicas, coletas e estudos paleontológicos na Amazônia Ocidental. A maior parcela das peças de que é depositário são oriundas de campanhas em pesquisas de campo realizadas ao longo dos anos.
A criação do laboratório teve o objetivo de estudar o rico material fóssil presente nas formações geológicas que cobrem toda a Amazônia Ocidental. A coleção de fósseis no Acre, que hoje possui mais de 7.000 peças, começou a partir das pesquisas realizadas por Alceu Ranzi no final da década de 1970, ao longo dos rios e estradas que cortam todo o Estado do Acre. Hoje, o principal objetivo do LPP/UFAC tem sido aumentar o conhecimento científico no campo da Paleontologia e Geologia da região e proporcionar aos estudantes e outros interessados o treinamento prático através de oportunidades em programas de pesquisas.
A Coleção Ornitológica começou a ser formada em 2010, com a criação do ORNITOLAB (Laboratório de Ornitologia da UFAC), por iniciativa do curador da coleção, e hoje conta com 1.046 indivíduos coletados, sendo esse acervo constituído basicamente por exemplares do município de Rio Branco (AC). A maior parte do material coletado no estado, anteriormente a criação do laboratório, está depositado em outras instituições científicas, como o Museu Paraense Emílio Goeldi.
O acervo mastozoológico foi formado em 1997, de modo que, parte do seu material é oriundo do agrupamento de outras coleções, como da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (FUNTAC), do Laboratório de Paleontologia da UFAC, de doações do Zoológico do Parque Ambiental Chico Mendes (Rio Branco/AC), e dos próprios professores da UFAC. A coleção é composta por 1.659 itens, basicamente por partes ósseas, em especial crânios de animais caçados por seringueiros da Floresta Estadual do Antimary (AC). Esse material chegou à FUNTAC por intermédio de projetos desenvolvidos na fundação até 1997, e hoje responde por metade do acervo da CZM (ALBUQUERQUE [et al], 2008, p. 26). A Coleção Mastozoológica é formada também por um expressivo acervo de morcegos conservados em meio líquido (coleção quiropterológica), que responde por aproximadamente 60% do total de 1650 exemplares da Coleção. Os demais 40% é formado pela coleção osteológica (especialmente crânios de mamíferos silvestres).
Uma coleção de peixes (250 indivíduos) também integra o acervo, sendo originária dos primeiros projetos de pesquisa com peixes realizados por pesquisadores do antigo Departamento de Ciências da Natureza. Entre os anos de 2000 e 2005 foram incluídos na coleção mais 25 registros, provenientes, principalmente, de dois projetos de pesquisa e alguns outros projetos de iniciação científica. Parte do material está acondicionado em bobonas plásticas devido à falta de estrutura e de materiais destinados à sua adequada conservação.
Também tem a sua representatividade garantida entre as demais, a Coleção Ficológica (315 amostras), acondicionada no Laboratório de Limnologia.
A coleção de anfíbios (Herpetológica) da Universidade Federal do Acre teve início em junho de 1985, quando foram coletados e catalogados os primeiros exemplares pelo professor Adão José Cardoso, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Durante os dois primeiros anos as coletas foram feitas de forma esporádica, ou seja, quando da vinda de Cardoso ao Acre. Em Julho de 1987 a coleção contava com 285 exemplares representados por 37 espécies e quatro famílias. A partir de 1997 as coletas adquiriram um caráter sistemático, quando da participação de professores e técnicos da UFAC em projetos de pesquisas. Atualmente, aproximadamente, 10.000 exemplares integram esse acervo.
O material coletado que alimenta a Coleção Entomológica do Museu, está relacionado diretamente a realização de pesquisas de campo contempladas por projetos de pesquisa. Parte da coleção está sendo conservada no Laboratório de Ecologia de Insetos, parte numa pequena sala no Bloco dos mestrados.
Atualmente, apesar do grande número de espécies novas que vêm sendo coletadas no estado do Acre e, especialmente, na região da Bacia do Rio Juruá, a grande maioria do material está depositada em coleções e acervos de outras instituições do Brasil, ou mesmo fora do país. A principal razão para a configuração desse cenário, está relacionada à fragilidade da estrutura de que dispõe o grupo de entomologia da UFAC, a qual garante apenas a manutenção de coleções didáticas, mas, não as científicas. Em vista disso tem ocorrido perda considerável de material decorrente ao ataque e proliferação de fungos, os quais atacam material de coleção quando as condições favorecem a umidade (ALBUQUERQUE [et al], 2008, p. 32).
A coleção botânica (herbário), que atualmente conta com 18.378 espécimes registrados. Teve como principal colaborador o Jardim Botânico de Nova York, que impulsionou as coletas a partir da década de 1990. A composição do acervo do herbário é representada em 100% da flora amazônica brasileira. Mantém intercâmbio com os países vizinhos, a exemplo do Peru e Bolívia, além da parceria com o NYBG (New York Botanical Garden). O mesmo está em processo de informatização com a ferramenta Brahms.
A coleção de madeira (Xiloteca) originou-se na década de oitenta junto ao herbário da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre, quando, no final dos anos noventa, foi doada ao herbário do Parque Zoobotânico da UFAC. Após a criação do Curso de Engenharia Florestal, foi novamente doada, desta vez para o Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN), onde é mantida para fins didáticos e científicos. Posteriormente, em 2008, passou a compor uma das doze coleções que hoje integram o Museu Universitário da UFAC.
A Xiloteca se encontra precisamente no Laboratório de Ensino de Anatomia da Madeira, local onde são ministradas aulas práticas e teóricas. O laboratório presta, ainda, serviços de consultoria em tecnologia de produtos florestais, análise de corpos de prova (madeiras), identificação de espécies florestais madeireiras, elaboração de projetos e, por meio de seu coordenador, realiza palestras.
A Pinacoteca, iniciada na década de 1970, com a participação e o envolvimento das principais referências das artes plásticas do Acre em ações da UFAC. Sua coleção de obras conta com variados artistas plásticos, alguns de reconhecimento nacional e internacional, bem como com um significativo número de registros em jornais, fotografias e catálogos. A Pinacoteca universitária, embora tendo sido institucionalizada no ato de criação do Museu Universitário, conta com uma trajetória de mais de 30 anos no interior da instituição e está do cerne da criação dos atuais cursos de artes da UFAC, sendo que tem potencial para a ampliação desse campo de formação com a criação de curso voltado para as culturas visuais amazônicas.